Cultura Forte no Norte

Filipe Cerqueira

Num tempo em que se fala tanto de empreendedorismo (palavrão dos tempos actuais) e inovação, onde a cultura de massas tende a perder público para nichos de mercado, vale a pena atentar a quem propõe verdadeira alta cultura e fruição intelectual e metafísica.

Nos últimos tempos têm vindo a destacar-se e a reter a atenção na nossa opinião alguns casos que a seguir damos a conhecer, com larga tradição no Norte de Portugal. Especializado em música sacra portuguesa e europeia, o Coro da Sé Catedral do Porto abarca as épocas da Renascença, do Barroco, Romântica e Contemporânea. Com concertos regulares, e presença nas festividades católicas mais importantes, o nível artístico tem vindo a sedimentar—se após uma reformulação que trouxe, de novo, o Cónego Ferreira dos Santos à batuta de um ícone na divulgação da música coral em Portugal. Através da colaboração da cantora Ana Maria Pinto tem vindo a renovar e melhorar a qualidade das interpretações.

Outro coro que tem vindo a apresentar-se com regularidade é o Ensemble Vocal Pro Musica. Com elementos maioritariamente jovens nas suas fileiras, apresenta-se tanto nas mais afamadas salas de espectáculos com repertório mais erudito como em participações com grandes artistas e espectáculos de vários géneros musicais. É dirigido por alguém que poderia ser descrito como um “self made man”, um gomem dos sete ofícios na área musical: Maestro José Manuel Pinheiro. Tem há vários anos uma estreita colaboração com outro dos embaixadores culturais do Porto: a Orquestra do Norte. Desde que a situação com os seus músicos colaboradores foi devidamente regularizada no plano financeiro que ganhou uma nova vida e estabilidade, tendo como consequência uma maior presença na vida musical. Apresenta grande diversidade de oferta: desde concertos didácticos e mais direccionados para crianças, passando pela participação com jovens solistas até à insistência salutar e de registar (num país como o nosso, que não aproveita na plenitude o Teatro Nacional de São Carlos, como já o realçou o crítico Henrique Silveira) na apresentação de obras operáticas no Coliseu do Porto, uma oportunidade para coros e solistas nacionais se apresentarem ao grande público.

Sobre a Capella Musical Cupertino de Miranda, basta lembrar os recentes concertos inseridos no III Festival Internacional de Polifonia Portuguesa. Sublimes momentos de divulgação do reportório português dos séculos XVI e XVII. Interpretações que encheram salas e criaram nome em tão pouco tempo.

Cultura Forte no Norte – Jornal “O Diabo”- 6 de Agosto de 2013

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